sexta-feira, 23 de março de 2012

Desarmonia entre verde e progresso

Durante muito tempo a ecologia e progresso foram considerados  temas incompatíveis. Porém, nas últimas décadas, muitas pessoas e inúmeras organizações,  procuraram encontrar harmonia.  Procurando estratégias que interliguem a preservação da natureza com o desenvolvimento. Os  países do primeiro mundo são os grandes responsáveis pela poluição ambiental e pela utilização exagerada dos recursos do Planeta Terra, como consequência acentuou-se uma preocupação mundial em preservar as áreas verdes do planeta. Considere-se, também, que o crescimento populacional incontrolável e enorme pobreza do terceiro mundo funcionam como agentes destrutivos da base ecológica da sociedade. Todos nós sabemos que os países hoje desenvolvidos progrediram com a destruição de suas florestas. Não podemos fazer o mesmo erro e não devemos permitir que nossos bens naturais sejam explorados sem levar em consideração medidas que conservem o meio ambiente, em níveis compatíveis com uma vida humana saudável. Gerando degradação ambiental, a exploração de recursos naturais  quase nada agrega à economia local, favorecendo, em contra partida, a poluição das águas, a degradação dos solos e as contaminações que levam ao sofrimento e à morte. Nesta exploração algumas pessoas alcançam sólido progresso económico mas, a maioria apenas sobrevive. Muitos cientistas afirmamque os chamados bancos genéticos seriam uma opção para recuperar o que foi perdido. Uma tentativa de assegurar para a espécie humana a utilização de elementos  ainda não estudados. Tecnologias que podem viabilizar a utilização deste enorme potencial são património dos países desenvolvidos. É necessário que tenhamos acesso a estes avanços, a custos não exorbitantes, para que possamos usufruir dos privilégios de sermos os donos desses recursos. No plano das decisões políticas é preciso acabar com a pseudoprioridade dada aos problemas ecológicos, estes não são considerados prioridades na sua agenda politica. 
  Não pode existir dúvida que o complexo ecossistema do planeta  exige soluções muito específicas para a sua utilização. Apesar da volumosa produtividade biológica, em consequência da abundância de radiação solar e da disponibilidade hídrica, a região representa um verdadeiro desafio agrícola. Senjdo alvo de incêndios "descontrolados" provocados pelo Homem para arranjar pastagem para os seus animais. Muitos sistemas de produção para culturas nativas e adaptadas já foram testados pelas instituições locais de pesquisas, mas a aplicação desta tecnologia, em larga escala, provoca uma falta de  planeamento competente, na indisponibilidade de recursos financeiros e na ausência de uma firme vontade política para implantar programas de desenvolvimento baseados na atividade agrícola, agroindustrial e florestal. Israelitas e americanos produzem alimentos nas areias escaldantes dos desertos. No lado oposto, temos a floresta amazónica, que está sendo explorado a um ritmo alucinante. É um erro, por exemplo, permitir que as poucas áreas de terra roxa da amazónia sejam subutilizadas, como aquelas de Altamira-PA, com plantação de cana-de-açúcar, ou do Jari-PA, ocupadas com plantações de gmelina para produzir celulose. Estes solos deveriam sustentar culturas mais rentáveis, como a do cacau, ou destinados à produção direta de alimentos. A discussão que se verifica em torno da degradação ambiental de nosso planeta mobiliza as potências do primeiro mundo no sentido de sustar ou minimizar o processo degenerativo, através de medidas que interfiram positivamente na sustentação dos ecossistemas e na qualidade de vida das populações atingidas. Dentre os esforços, aparecem as propostas que objetivam a conversão de nossa dívida externa em investimentos na preservação do meio ambiente. Tais propostas dividem as opiniões, pois os critério nem sempre ficam claros ou descobrem-se interesse conflitantes. Já foram aplicadas em alguns países do terceiro mundo, beneficiando áreas problemas bem menores do que a Amazónia,  estão sendo defendidas nos fóruns internacionais como a solução para o caso brasileiro. Apesar de apresentarem muitos pontos questionáveis, creio que não devemos pura e simplesmente descartar estas proposições.    
    É preciso, antes de tudo, estabelecer um elevado nível de diálogo para que consigamos demonstrar a necessidade de investimentos diretamente proporcionais  a importância ecológica de uma região continental como a Amazónia. No encaminhamento desta questão é necessário dar ouvidos à competência e descartar todas as soluções. Não tenho dúvidas que sempre aparecerão proposições sem a mínima vinculação com a verdade da região amazónica. Portanto, é necessário que fiquemos atentos e que a nossa sociedade se mobilize para apresentar projetos e soluções que estejam coerentes com a realidade e os anseios da região, lembrando que a Amazónia pode e deve  utilizar, de modo equilibrado, o seu imenso potencial de recursos naturais como a base de um desenvolvimento que consolide a melhor qualidade de vida de sua gente e um meio ambiente saudável.